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O recomeço de Rafael Henzel

'A vida é um sopro. Agora você está aqui, daqui a pouco, na esquina, pode não estar mais'.

Este é o toque de despertar às pessoas, pelo radialista e narrador esportivo, Rafael Henzel, de Chapecó, após o acidente aéreo com a delegação da Chapecoense que fez 71 vítimas fatais no dia 29 de novembro. Houve apenas seis sobreviventes. Entre eles, Rafael Henzel, que diz ter recebido uma segunda chance.
Na última segunda-feira, Henzel falou com exclusividade ao Folhasete sobre mais um reinício: o primeiro dia das atividades profissionais. "É uma reconstrução. Era necessário voltar o quanto antes. Quando saí da Colômbia, uma semana depois comecei a interagir com ouvintes, com a América do Sul inteira, então coloquei como meta retornar no dia 9 de janeiro. Quando saí do hospital aqui de Chapecó, há cerca de duas semanas, comecei a projetar a minha ida a certos locais voltando para estádios e apresentações na Chapecoense, tentando me preparar para este dia e não ter um impacto emocional muito forte. E graças a Deus, tudo deu certo. Foi um dia muito importante para mim esta volta e assim vamos construindo uma nova caminhada em 2017". Ele é locutor e apresentador da Rádio Oeste Capital, de Chapecó.
Os traumas físicos e emocionais não são nada simples. A recuperação é morosa e árdua. Porém, a vida segue e com ela é preciso avançar. O radialista está disposto a enfrentar a nova fase com coragem e esperança. No próximo dia 21 haverá um amistoso entre Chapecoense e Palmeiras e ele afirma que pretende narrar o jogo. "Depois, no dia 25 teremos no Rio de Janeiro Brasil e Colômbia, também em homenagem à Chapecoense, e no dia seguinte Chapecoense e Joinville, válido pela Primeira Liga. Esse jogo do Palmeiras tem uma carga emotiva muito forte. Acho que muitas vezes a gente vai ainda sentir um nó na garganta, mas é importante para o torcedor, e para nós, da imprensa, pelos colegas que  perdemos. Isso vai ajudar ao torcedor também a eternizar quem se foi, mas voltar a ter o foco total nesse time que está sendo reapresentado e está treinando já para 2017".
Com apoio familiar, de amigos, colegas e fãs, está de volta, se refazendo do ocorrido. "Eu já falei muito sobre o acidente e as perdas.Ajudou bastante na minha recuperação psicológica. Eu impacto ainda com algumas coisas, me coloco muito no lugar das pessoas que ficaram, dos parentes das vítimas, principalmente dos colegas radialistas e jornalistas que se foram. É muito emocionante, mas tudo tem que se reverter em força para continuar. Nos fortalece para que possamos entender ou compreender esse processo que é uma reconstrução e para que possamos firmes e fortes encararmos todos os desafios".
Da lição que a tragédia deixa, o jornalista observa que "as pessoas comentam sobre missão, aprendizado e até brinquei hoje que não deu nem tempo ainda. São etapas que precisamos completar. Primeiro tem que recuperar as costelas quebradas. Lá na Colômbia mesmo recuperei a pneumonia. Depois, as outras lesões que todos tiveram, porque o acidente foi muito forte. Então, é um processo de entendimento de tudo o que aconteceu. Do campo da aviação precisa-se tirar lições muito grandes, principalmente esses países que não tinham uma fiscalização das aeronaves".Do ponto de vista pessoal, diz que "a gente ainda busca esse entendimento. A mudança da vida, de algumas coisas que a gente fazia e faz, mudança de hábitos e quando está internado, o homem fica muito humilde, porque fica nas mãos de pessoas que nunca viu na frente, então tem muita coisa para a gente aprender e tomar como lição".
As demonstrações mundiais de solidariedade o surpreenderam. "Até hoje recebo mensagens do mundo inteiro. Tenho certeza que cada oração foi determinante para que hoje nós pudéssemos seguir nossa vida. Deus foi especial, milagroso e muito generoso comigo e as orações contribuíram muito para que eu pudesse sair da situação que estava e hoje estar aqui falando com vocês, feliz da vida".
Convívio
A mensagem de Rafael Henzel aos leitores é que "muitas vezes as relações entre as pessoas são complicadas, na família e no trabalho. Familiares brigam entre eles. Pais não falam com filhos, filhos não falam com irmãos, as relações são conturbadas. E, de repente, alguém vai embora e fica aquele sentimento de eu poderia ter feito melhor, mudado alguma coisa. Tem que se respeitar, viver bem dentro das possibilidades que se tem, porque tudo pode acabar numa noite".

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