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Prejuízo no campo com super produção

  • - Produtor Dalair Paludo teve prejuízo com o plantio de tomates

Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), todas as noites cerca de 900 milhões de pessoas no mundo vão dormir com fome. Isso representa 12% da população mundial.

Estudos apontam que a redução do desperdício e políticas de comercialização adequadas poderiam amenizar sensivelmente esse quadro. Essa realidade também pode ser verificada na região de Seara.
O clima colaborou e a produção de hortifrutis, nesta safra foi uma das melhores dos últimos anos na região, porém nem tudo se transforma em lucro para o produtor no quesito de comercialização. Respeitando a lei da oferta e da procura, excesso de produto no mercado é sinônimo de queda nos preços e, em alguns casos, de muito prejuízo.
Um exemplo é o produtor Dalair Joãozinho Paludo, 52 anos, morador de linha Encruzilhada Santa Cruz, interior de Seara. O agricultor, que trabalha com lavoura e gado leiteiro, vem investindo há cinco anos na produção de tomate e melancia, mas nesta safra ficou decepcionado com os resultados, não na produção, mas no valor recebido pelos produtos.
Paludo plantou cerca de 750 mudas de tomates e 2.800 sementes de melancia em sua propriedade. "Com trabalho e o cuidado que requer as culturas tive uma boa produtividade, mas o problema foi na hora de vender. Na melancia até teve boa saída, mas com preço um pouco aquém. Em média comercializei 70 centavos ao quilo, valor que já foi maior, mas cobriu os custos e sobrou alguma coisa".
Mas foi na venda de tomates que o produtor ficou mais desanimado. Vendendo a produção em fruteiras e mercados da cidade, Paludo diz que "os primeiros frutos a serem comercializados consegui em média de R$ 1,20 a R$ 1,50 o quilo e depois me oferecerem apenas 90 centavos, valor que fica muito abaixo do custo de produção, sem contar o transporte. Não vale a pena vender na cidade". Ressalta que para cobrir as despesas teria que receber cera de R$ 2 ao quilo. Para não ter mais prejuízos, o produtor decidiu abandonar o pomar e muitos legumes apodreceram nos pés.
Conforme o produtor, além da grande oferta, um dos motivos do baixo valor ofertado foram pequenas manchas nos tomates. Ele apostou em uma produção com o mínimo possível de agrotóxicos, mas, segundo ele, ainda não é bem vista no comércio. "Tive muita dificuldade, porque ninguém queria o meu tomate, já que a aparência não era perfeita, ou seja, liso e vermelho. Os comerciantes alegam que o consumidor quer coisa bonita, mesmo sem saber de onde veio ou a procedência e por isso preferem o que vem de fora, com aparência melhor".

Perdas
O agricultor Dalair Paludo, estima que somente na produção de tomate vai totalizar um prejuízo de cerca de R$ 4 mil, contando o que investiu e o que deixou de comercializar, e fez um desabafo: "o pequeno agricultor está no fundo do poço. É preciso valorizar mais a produção orgânica local".

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