Paixão pela comunicação e por radioamador

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- Searaense Andriano Zanluchi mantém serviço de rádio escuta nas horas de folga
Searaense Andriano Zanluchi mantém serviço de rádio escuta nas horas de folga.
As ondas eletromagnéticas e sonoras começaram a encantar Andriano Zanluchi ainda na infância. O primeiro contato com esses fenômenos foi através de um televisor Philco 17 polegadas, em preto e branco, e um aparelho de rádio Transglobe.
As transmissões geradas por aqueles aparelhos um tanto estranhos aguçavam a curiosidade daquele menino do interior, de família humilde, que cresceu e virou técnico-eletricista profissional, e dos bons. “Era uma batalha fazer a TV sintonizar um canal. A família ficava maravilhada quando dava para assistir algum programa em preto e branco e com muita estática de fundo, o famoso chuvisco. Eu passava quase todo meu tempo livre trocando de lugar a antena, emendando fios, tentando subir mais alto no morro. Não entendia porque alguns dias sintonizava e outros não”, recorda. “Já o rádio era muito bom. Pegava diversas estações. Lembro que eu improvisava antenas e sintonizava várias estações. Naquela época as FMs só tocavam músicas e as AMs transmitiam notícias”.
Mais tarde, já morando na cidade, a realidade mudou. “A televisão sintonizava muitos canais. Foi aí que fiz um curso técnico no Senai de Concórdia e então entendi o que acontecia. Assim ‘caí’ na profissão que tanto admirava, que era meu sonho”.
Foi também nesta época, há mais de duas décadas, que Andriano Zanluchi começou na rádio escuta - tentar a maratona de sintonizar emissoras distantes em AM, OC, FM, aviação, alguns serviços públicos - e o hobby virou sua grande paixão. “É preciso paciência e um pouco de conhecimento sobre propagação, antenas, melhor hora para sintonizar, ruídos”. A primeira emissora sintonizada em longa distância foi a BBC de Londres, depois a rádio Observatório Nacional, ambas em Ondas Curtas. Mais tarde veio o interesse no radioamadorismo na faixa dos 11 metros e hoje ele tem contatos por todo o Brasil, inclusive fez um amigo em Lima, no Peru. E não para por aí. Faz contatos esporadicamente com pessoas dentro do país, pela América e na Europa. “Tenho um grande parceiro e amigo aqui na cidade, o Marcelo. Fundamos um grupo e temos vários contatos. Participamos do grupo de Rádio Amadores do Alto Uruguai”.
Andriano relata que “de vez em quando eu e o Marcelo nos falamos pelo radioamador e também nos dedicamos à rádio escuta. Algum tempo atrás conseguimos sintonizar a rádio UVB 76, na frequência de 4625 kHz, conhecida como Rádio Fantasma. É uma estação militar nos tempos da União Soviética que passava informações para agentes em campo no mundo todo e ainda hoje opera, mas é muito difícil de sintonizar. Claro que tudo isso dentro das normas das escutas e nunca tendo qualquer tipo de interferência.
No início do século passado o serviço de radioamador foi muito usado. “Atualmente é utilizado em lugares remotos, fazendas, áreas sem telefone ou internet, mas principalmente por hobby. Um exemplo é que na faixa dos 11 metros a propagação é pela ionosfera (camada da atmosfera terrestre que se encontra entre 60 e 1000 quilômetros de altitude). Com um bom aparelho e uma antena feita com sucatas, você consegue atravessar continentes, é mágico”, conta.
Existem clubes regionais e até grandes associações de radioamadorismo. “Devido à correria do dia a dia eu participo de um grupo pelo WhatsApp em Concórdia e um em Seara chamado Amantes do Rádio”. Para ele, “é um hobby muito prazeroso, que necessita de técnicas, paciência e ética, acima de tudo. Eu também gosto de construir equipamentos em que domino sua funcionalidade e fabrico minhas antenas”. Salienta que o radioamador tem grande valia, especialmente em casos extremos, a exemplo de catástrofes e guerras, onde as comunicações são cortadas. “Com uma bateria de carro você consegue esticar uma antena no alto do morro e transmitir, algo que as novas tecnologias não conseguem”. E deixa um recado para os mais jovens: “Eu gostaria que a gurizada mais nova tivesse mais interesse nessa área. Afinal, é ciência pura!”, finaliza Andriano Zanluchi.
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