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Situação é de preocupação

Quase meio milhão de brasileiros cancelaram os convênios de saúde em 2015 e, em 2016, mais de 160 mil pessoas já os suspenderam, segundo dados divulgados pela Agência de Saúde Suplementar (ANS)

Os motivos são variados. Dentre eles, as altas taxas de desemprego e a consequente queda na renda familiar, fatores associados à crise enfrentada pelo país. No entanto, junta-se a isso o descontentamento com a efetiva 'proteção' assegurada pelos planos. 
Esta tendência fez aumentar significativamente a procura pelos serviços públicos de saúde, onde a demanda é extremamente superior à oferta, deixando o sistema ainda mais sobrecarregado. O secretário da Saúde de Seara, Odair José Felippe, afirma que a migração dos planos de saúde privados está bastante perceptível no serviço público. "Já a nossa demanda nos últimos três anos aumentou em torno de 30%", afirma. 
O secretário acrescenta que "pelo que as pessoas relatam, a gente acredita que essa situação foi desencadeada pelas sobretaxas dos planos e também pela falta de clareza na hora da assinatura dos contratos, pois nem todas as especialidades são cobertas pelos convênios e, às vezes, quando o paciente mais precisa, não tem acesso". 
Odair Felippe justifica que "esta condição é muito diferente do Sistema Único de Saúde, que, apesar de moroso, tem-se todo o aparato clínico e de especialidades, bem como diagnósticos gratuitamente". Salienta que "por um lado, acredito que as pessoas tenham percebido que o serviço público, apesar de sua lentidão, é eficiente. E esta demora se justifica porque a procura sempre sobrepõe à oferta e os recursos são limitados. Além disso, a confiança no Sus melhorou. Passados 25 anos, o Sistema se fortalece e se consolida como um modelo bastante eficiente, sendo inclusive exemplo para muitos países".
Maior agilidade
O secretário da Saúde destaca ainda que "hoje em dia há determinadas especialidades em que é muito mais rápido o atendimento via Sus do que pelos planos". Entende que há mais descontentamento com a cobertura dos convênios privados para justificar a desistência do que com a situação financeira dos contratantes. "Na hora que você precisa de um transplante, não cobre. De um tratamento oncológico, também não. E o cardiológico, muitas situações também não têm cobertura".  
Cosems admite maior procura por atendimento gratuito
O assessor do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde Santa Catarina (Cosems/SC), Geraldo Azzolini, concorda que, com a baixa nos planos suplementares, automaticamente acresce a procura pelo Sistema Único de Saúde. Ele atribui a desistência à situação econômica do país e ao descontentamento dos usuários pelos planos, que restringem suas coberturas. Esclarece que "quem controla a venda dos planos é a Agência Nacional e, inclusive, ela está coibindo alguns de comercializar novos convênios, porque estes não estão cumprindo minimamente o que oferecem muitos serviços, principalmente os de alta complexidade, não são contemplados e isso faz com que as pessoas migrem para o serviço público".
Com relação ao Sus, Azzolini afirma que o sistema, além de abranger todas as especificidades,tem alguns serviços que hoje são destaque mundial. Cita como exemplo o calendário vacinal, bem como o tratamento gratuito da Aids e os transplantes. "E mesmo todos os outros atendimentos que são feitos no dia a dia. Perceba a atenção básica. Quantas pessoas são atendidas por dia lá nas unidades de saúde na área médica, de odontologia, psicologia e muitos outros disponíveis". Sobre a dificuldade de acesso ao Sus, o assessor diz que "o que tira o sossego de todo mundo, de hospitais e gestores, é o financiamento. Isso é longo e eterno, porque o orçamento não é suficiente para que se faça atendimento universal a todos os cidadãos". 
 

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