logo RCN

Casos de abuso investigados

Um crime hediondo, cruel, silencioso e na maioria das vezes praticado na própria família.

Nos últimos meses, chamou a atenção do Ministério Público da comarca de Seara o grande número de denúncias de casos de violência sexual contra crianças e adolescentes. Em geral, o crime é cometido por pessoas que não demonstram comportamento suspeito.

Conforme a Promotoria de Justiça, em cerca de 30 dias são quatro casos na comarca. As vítimas são crianças com idades entre três e 10 anos e pré-adolescentes na faixa dos 13 anos. A maioria dos casos envolve familiares, mas há uma situação que tem registro por filmagens com uma criança de nove anos, onde o autor do abuso não é familiar. O promotor Michel Educado Stechinski destaca que muitas vezes é difícil identificar o criminoso sexual. "Essa pessoa, pervertida por natureza, é muito difícil de ser reconhecida, pois não existe um estereótipo. É uma pessoa que age normalmente pela sociedade, que convive de maneira harmoniosa. Muitas vezes, quando a situação vem à tona, causa uma perplexidade geral em relação por não se acreditar que aquela pessoa possa ter feito algo do gênero. O que recomendo é que se fique atento ao comportamento das crianças. Antes de qualquer situação, deve-se sempre orientar as crianças com relação a esse tipo de prática e ficar atento quanto a qualquer mudança de comportamento", alertou.  
Além disso, a forma de abordagem do criminoso sexual, que geralmente vem acompanhada de ameaças às vítimas, ocorre de duas formas: com agressão, de maneira violenta, com atos libidinosos ou estupro geralmente com os adolescentes, e com as crianças através da sedução, onde envolvem os pequenos tornando a sexualidade como algo normal na vida dessas crianças. De qualquer modo, mudanças comportamentais devem motivar conversas, orientações e em caso de suspeitas denúncias que podem ser feitas ao Conselho Tutelar, polícias Militar e Civil, Disque 100 e ao próprio Ministério Público. 
De acordo com o promotor, os casos registrados na comarca envolvem padrastos, pais, avós e vizinhos. Stechinski classifica os atos como terríveis, pois há situações em que é registrada a omissão da mãe. "Na grande maioria padrastos violentam adolescentes que atingem a sexualidade, ou seja, a menina chega aos 12, 13 anos e passa a ser violentada dentro da própria casa e não consegue externar a situação para a mãe, ou até pior, num caso retratado na comarca a adolescente contou que estava sendo abusada, mas a mãe não acreditou e optou por tirar a menina de dentro de casa para seguir convivendo com o agressor", relatou.
Além da atenção com o comportamento e o alerta para que as denúncias sejam feitas, o MP chama a atenção para o envolvimento da sociedade nos casos, por entender que de nada adianta denunciar e não testemunhar quando o caso vem à tona. "No primeiro momento não é necessário se identificar, mas é interessante que quando o fato vem à tona a sociedade se envolva. Não basta cobrar da Justiça. É extremamente difícil conseguir uma testemunha numa situação dessas. Ora, se a pessoa está ciente de que uma criança está sendo violentada ao lado da sua casa e não quer ser envolver, essa mesma pessoa não pode cobrar nada da Justiça".  
O apelo fica também para as famílias que precisam deixar as crianças com cuidadores, que prestem atenção nas pessoas escolhidas para tomar conta dos pequenos. 
Preocupação
As autoridades de segurança pública da comarca de Seara chamam a atenção para o grande número de casos de agressão sexual a crianças e adolescentes e para a dificuldade de efetuar flagrantes nesses casos chamados de "crime às escuras". Segundo o MP, as polícias não conseguem evitar os crimes sexuais, pois os atos acontecem às escondidas e em geral os praticantes não deixam suspeitas ou evidências. Nos casos onde há conjunção carnal, os laudos periciais servem como provas suficientes, mas na prática de atos libidinosos vale a palavra da vítima se já tem condição psicológica de fazer o relato. Nos casos de flagrantes é necessário testemunhas. Daí o apelo de maior envolvimento da sociedade com a situação.

Anterior

Abuso sexual deixa sequelas graves

Próximo

Casos de abuso investigados

Deixe seu comentário

Geral