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Crise não dá trégua

  • - Produtor Eduardo Canossa diz que para seguir na atividade é preciso persistência

Produtores, como seu Eduardo Canossa, enfrentam dificuldades e torcem por uma reversão no quadro

Produtores de leite de Seara e região continuam amargando prejuízo com a redução nos preços do produto entregue à indústria. Nos últimos meses houve diminuição no valor pago pelo litro. A crise também já atinge os laticínios.

Conforme os dados divulgados nesta semana pelo Conselho Paritário de Produtores Indústrias de Leite (Conseleite), o valor referência do mês de agosto ficou em R$ 2,19 o litro, uma queda de 10 centavos se comparado ao mês de julho. Para se ter uma ideia da baixa, em abril o valor referência era de R$ 2,60 e a maior cotação chegou a R$ 3,20.

Além do preço em queda, o produtor ainda precisa conciliar as contas com um custo de produção que diminuiu, mas ainda continua elevado, segundo o agricultor Eduardo Canossa, de linha Salete, interior de Seara. Ele conta que a família trabalha com produção leiteira há mais de 40 anos e o momento não é positivo. “Teve essa queda no preço do leite que não era esperada no Inverno. Desde o início da pandemia, quando os insumos começaram a aumentar, a crise vem se prolongando”.

Ressalta que neste ano houve uma pequena redução no valor dos insumos, porém “no período que a gente pensava que teria uma rentabilidade um pouco maior, houve essa redução no preço do leite”. Eduardo Canossa tem um plantel de 17 vacas, além das novilhas. “Trabalhamos com as raças Jersey e Montbeliard. A produção é à base de pasto, um pouco de silagem e ração”. Ele explica que o segredo para se manter na atividade é produzir com baixo custo, com mais pastagens. “E tem que ter teimosia, persistência, coragem, contas para pagar e a vontade de trabalhar. Temos prazer em cuidar dos animais”.

A indústria também está sendo afetada neste momento de crise no setor do leite. Na avaliação do empresário Maurício Muller, proprietário do Laticínios Muller, um dos fatores é a “baixa valorização do produto acabado é a grande oferta disponível de matéria-prima. Ocorre também uma grande pressão do produtor com a indústria em relação aos valores pagos”. Na avaliação de Muller, “a principal dificuldade é administrar a empresa e manter-se no mercado, o que é um desafio neste cenário atual de desiquilíbrio com a grande produção da matéria-prima, que é o leite, e a desvalorização do valor pago principalmente ao produto acabado”.

Com relação ao futuro próximo, as expectativas não são das melhores para o setor. “A crise é nacional e é grave devido ao aumento na oferta de leite produzido no Brasil e à alta quantidade importada. Naturalmente a grande quantidade de leite no mercado pressiona os preços para baixo. Enquanto tivermos este cenário, não temos uma expectativa de que vai melhorar”.


Produtores

Localizado em Canhada Grande, no interior de Arabutã, o Laticínios Muller absorve boa parte da produção local. Conforme o proprietário Maurício Muller, “hoje temos cerca de 700 produtores de leite. Mesmo com a grande baixa no valor pago por litro, a empresa absorve grande parte do prejuízo, uma vez que os valores pagos pelo produto final sofrem ainda uma maior baixa e os custos fixos para movimentar esta cadeia de compra de matéria-prima, industrialização e venda exige muito investimento e giro rápido de valores. É nestas etapas onde temos a maior dificuldade e os grandes desafios para enfrentar”.

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