Cheias deixam rastro de destruição
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- Pontes, casas e estabelecimentos comerciais. Por onde a água passou, houve devastação
DRAMA Barra do Rio Azul foi a cidade mais atingida no Norte do Rio Grande do Sul.
https://youtu.be/G_vcCzirRbM?si=jjWHDL6Wm91EmXWw
Dia 2 de maio de 2024. Um dia que certamente ficará na memória dos pouco mais de 1.600 habitantes do município de Barra do Rio Azul, localizada no Alto Uruguai Gaúcho, a cerca de 55 quilômetros de Seara.
A cidade foi tomada pelas águas dos rios Palomas e Rio Azul por volta das 13h30 daquela quinta-feira. A enchente foi tão grande que superou em mais de dois metros a cheia registrada em novembro do ano passado e causou 40% a mais de danos, conforme as autoridades. Na prefeitura a água quebrou a porta principal, alagou totalmente o térreo e chegou na metade dos degraus para o segundo piso. No posto de saúde, a água quase bateu no teto.
Moradores mais antigos têm relatos de uma grande cheia no local na década de 50, mas acreditam que agora a enchente foi ainda maior em volume e destruição. Diferentemente das outras ocorrências, desta vez a água demorou para baixar. Segundo moradores, os rios somente voltaram a seu curso normal por volta das 21h. Foram mais de oito horas de enchente, com muitas pessoas ilhadas.
A água barrenta trazia pedras, galhos e muita lama e invadiu pelo menos 105 imóveis, estabelecimentos comerciais e residências, dos poucos mais de 300 localizados na cidade. O prefeito Marcelo Arruda informou ainda que “250 pessoas foram afetadas diretamente. Temos ainda 60 pessoas desalojadas, que estão morando ou alocadas em casas de vizinhos, familiares ou outros locais e nosso Ginásio de Esportes está sendo usado como centro de arrecadações”. O prefeito salientou que “felizmente não houve feridos e nem óbitos. Conseguimos alertar a todos, que deixaram as casas. “Estamos buscando recursos para a reconstrução e estudando a viabilidade de realocar alguns moradores ribeirinhos”.
O município ainda se recuperava da enchente de novembro do ano passado, quando se deparou com uma enxurrada que destruiu completamente várias casas. O prefeito ressaltou que o município já recebeu ajuda. “Peço que as pessoas aguardem para fazer doações de alimentos e roupas, porque nos dois primeiros dias recebemos muita coisa”.
Prejuízos
O secretário da Saúde, Dirceu Fiabani, destacou os prejuízos no setor. “Perdemos quase tudo na Unidade de Saúde. Mais de 90% dos medicamentos foram perdidos”. A Unidade só voltou a funcionar na quinta-feira, dia 9.
Hora de recomeçar
A reportagem do Folhasete esteve em Barra do Rio Azul na última segunda-feira. Atingida por duas enchentes de forma intensa em seis meses, a população do município mostra toda a sua força e, seguindo o que o próprio Hino do Rio Grande diz, faz do recomeço uma façanha.
Adão Arlindo Posso, 56 anos, morador da Rua das Rosas, no Centro, perdeu tudo pela segunda vez. “Agora a garagem foi embora levada pela água, todos os utensílios, móveis, perdemos tudo”. A estrutura da casa foi parcialmente danificada, mas ele já conseguiu voltar e recomeçar a vida com ajuda da comunidade. Quem também perdeu praticamente tudo o que tinha na casa foi o casal Marivone Santi e José Orso, também ribeirinhos ao rio Paloma. “O que a água não levou embora, estragou. O prejuízo é incalculável. Vai levar meses para ajeitar tudo”, explica Marivone.
Seu Severino Dalla Rosa, 80 anos, teve a casa destruída pela enchente. “A água que veio foi fora do limite. Atingiu tudo. Tenho mais de 80 anos e nunca tinha visto isso. Não tem mais condições de morar em um lugar baixo e próximo ao rio”. Felizmente Severino e a esposa conseguiram sair a tempo e estão abrigados em familiares, recebendo toda a ajuda necessária.
Os moradores ribeirinhos perderam praticamente tudo. O serviço de limpeza e reconstrução conta com a colaboração de voluntários. Diogo Rovani, morador do interior de Barra do Rio Azul, foi para a cidade para ajudar os amigos. Ajudar o próximo é um ato de amor, amizade e solidariedade. Vários moradores de cidades vizinhas colaboraram.
Auxílio
Nesta semana uma equipe de Itá esteve na cidade auxiliando os moradores. Para Everton Batisti, que ajudou nos reparos elétricos de várias casas e lojas, “a mão de obra é necessária aqui. Acho importante ajudar a quem precisa”.
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