Especialistas falam sobre condições climáticas e produção agrícola.

O II Painel Agro Empreendedor, realizado no último sábado, apresentou perspectivas de mercado e indicativos de clima e tempo para os próximos meses. O evento, organizado pelo Núcleo do Agro Empreendedor da Acis, reuniu dezenas de produtores rurais em linha Salete, interior de Seara.
O meteorologista Leandro Puchalski e o técnico agrícola da Epagri e analista de socioeconomia e desenvolvimento rural, Evandro Uberdan Anater, foram os responsáveis por repassar as informações e contextualizar o cenário climatológico e produtivo da região. Evandro trouxe um panorama geral do agro e falou sobre a demanda por alimentos em todo o mundo. Conforme o especialista, o Brasil deve aumentar em 41% sua produção até 2026. “O nosso país é a única potência que pode atender a sede por alimentos do mundo”. Isso acontece, segundo ele, devido à extensão territorial do Brasil, a quantidade de mão de obra e as condições climáticas. Além disso é importante destacar que o país não tem incidência de eventos como furacões, neve e deserto. “Nós temos uma área agricultável gigante para ser utilizada e a estamos subutilizando. Isso coloca o Brasil como uma potência do agro, não só hoje, mas muito mais para os anos vindouros”.
O técnico também falou sobre a possibilidade de aumentar a produtividade. “Se a gente pegar nossa produtividade de leite, por exemplo, é muito abaixo dos países de primeiro mundo. Podemos crescer a produção em 100% sem aumentar uma vaca, só melhorando nosso plantel, o fornecimento de comida e pastagens. E nas lavouras é a mesma coisa. Hoje temos um parâmetro internacional de produção de soja, mas o milho estamos produzindo seis mil quilos por hectare e dá pra chegar a 10 mil quilos só com a questão de manejo”. Evandro salientou durante o Painel que o agro ocupa cerca de 30% das terras brasileiras e que a atividade não é a responsável pela destruição do meio ambiente.
Com relação ao clima e a previsão do tempo, Leandro Puchalski elucidou o fenômeno El Niño e suas consequências para a região nos próximos meses. O El Niño estará presente até os primeiros meses de 2024, mas a influência sobre as chuvas não se dará em todo o período. “A gente sabe que será no final da Primavera e início do Verão. Temos novembro como mês de principal influência”. Destaca que, além do volume de chuva, há a possibilidade de temporais e ventos, já que incidência do El Niño aumenta as chances de eventos extremos em até seis vezes. Por outro lado, há poucos riscos de estiagens prolongadas no período.
Para o coordenador reeleito do Núcleo do Agro Empreendedor da Acis, Lucas Dalle Laste Dacampo, o evento foi um sucesso. “Acredito que acertamos o tema. Trouxemos muitas informações nas nossas palestras, principalmente com relação as previsões climáticas. Acho que os produtores vão conseguir se preparar para enfrentar essas questões”.

Opinião

Os jovens produtores rurais Cristiano Paludo e Leonardo Casarotto, do interior de Xavantina, avaliaram positivamente a participação no Painel. Para Cristiano, o que mais chamou atenção foram as previsões de altas temperaturas e a probabilidade de grande volume de chuva no fim de outubro e no mês de novembro, uma informação vital para a propriedade. Já Leonardo destacou a importância do apoio, valorização e incentivo para que as famílias que ainda estão no meio rural sigam produzindo para atender a demanda mundial por alimentos.