Um ano atípico, com forte interferência do fenômeno El Niño, trazendo muita chuva para a região Sul do Brasil, também refletiu na produção agrícola e especialmente na produção de frutas e verduras da região.

Culturas como a uva, melancia e tomate, entre outras, sofreram perdas elevadas em Seara. De acordo com a Secretaria da Agricultura, a uva foi a mais prejudicada, pois, não bastasse o excesso de chuva, a forte proliferação de pragas e insetos semanas antes da colheita danificou os cachos. Houve ainda produtores que perderam boa parte da produção em virtude da chuva de granizo na época da formação dos grãos. "Estimamos que no geral a quebra na produção da uva foi de 70% e isso se refletiu no comércio, com aumento do valor pago pelo consumidor. Fazendo uma média, a uva foi comercializada de R$ 3,50 a R$ 4 ao quilo", salientou o diretor da Secretaria, José Reinaldo Ost.

A propriedade de Nélio e Enio Rubert, em linha Rosina Nardi, é um dos exemplos. Nélio tem cerca de 500 parreiras de diversas variedades, em especial a Niágara. Ele conta que "a produção foi de apenas 30% do potencial e ainda assim a qualidade não foi muito boa. Já chegamos a colher de cinco a seis toneladas e nesta safra foi pouco mais de uma tonelada". A família Rubert também trabalha com plantação de alface e tomates. "A salvação foram os tomates, que estão bonitos. A expectativa é comercializar de quatro a cinco toneladas".
Outra cultura muito prejudicada com as adversidades climáticas e interferência da ação de pragas e insetos foi a melancia. A quebra na safra deve chegar a quase 50% este ano. As enxurradas prejudicaram a formação dos frutos que não chegaram ao tamanho ideal, sem falar naqueles que apodreceram antes mesmo de amadurecer. Na propriedade de Pedro Bartiniski, em linha São Marcos, a safra deste ano foi uma das piores. "Plantei meio hectare de melancia e meio hectare de melão, mas não vou cobrir os custos de produção". Ele explica que gastou cerca de R$ 3 mil na lavoura e deve colher uma tonelada, o que vai gerar uma renda de cerca de 30% do investimento.