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Mês de prevenção ao suicídio

Especialista alerta para necessidade de apoio para evitar o pior.

Quebrar preconceitos, incentivar o diálogo e oferecer apoio a quem enfrenta sofrimento emocional. Esse é o sentido da mobilização Setembro Amarelo.
Em todo o Brasil, ações são promovidas para lembrar que cuidar da saúde mental é essencial e que pedir ajuda pode salvar vidas. Para a psicóloga Josiane Savoldi Bressan, “quando se pensa em Setembro Amarelo sempre se mostram estatísticas da incidência desses casos”. Segundo a Vigilância Epidemiológica do município, no ano de 2024 foram quatro óbitos por suicídio em Seara. Em 2025 já são três óbitos registrados pela mesma causa. “É interessante apontar que por menor que seja o aumento, ou mesmo que tenha uma diminuição desses tipos de morte, cada caso sempre impacta consideravelmente numa cidade como a nossa. A morte por suicídio é trágica e deixa a sensação de que perdemos alguém que poderia ter sido salvo”, salienta Josiane.
A psicóloga alerta que, após muitos anos estudando o assunto, atendendo casos de familiares enlutados por suicídio, “afirmo que o tema é multifatorial e não é nem um pouco simples ou possível de ser totalmente prevenido como se propaga. A dinâmica do sofrimento que leva uma pessoa a tirar a própria vida é bem complexa. Na minha opinião é o pior agravo de problemas de saúde mental, com reverberação em várias outras pessoas e relações. Então, assim como tantas outras doenças, por mais que se invista em tratamentos adequados, intervenções de diversas maneiras, ainda assim por vezes a doença vence e a pessoa perde a vida”.
Josiane Savoldi Bressan ressalta que, entendendo que o suicídio é uma doença, pode-se pensar em prevenção. “Então, se formos pensar em fatores protetivos e a prevenção, vamos falar de proteção de um modo geral das doenças de saúde mental, que é ter boas relações, conhecer as suas emoções, socializar com a comunidade (família, vizinhos, colegas, amigos, religião) e praticar atividades físicas. E aos primeiros sinais de mudança de comportamento, é fundamental procurar ajuda profissional - médico, psicólogo ou psiquiatra”.
Dentre as principais mudanças de comportamento da vítima, a profissional cita a irritabilidade, o desânimo e a desesperança, que é quando parece que tudo está dando errado, além da mudança de apetite, podendo não comer ou comer em excesso. “Qualquer mudança prolongada e significativa no humor é um sinal claro de alerta que algum sofrimento mental está se instalando. E o agravo desse sofrimento, ou um acontecimento ruim na vida da pessoa, pode dar vazão a comportamentos e pensamentos suicidas. Portanto, antes que se alastre é melhor intervir já nos primeiros sinais”.

Proximidade

Josiane Savoldi Bressan reforça que, se alguém está passando por algo assim, deve primeiramente entender que está doente e precisa de tratamento. “Procure profissionais. Se você tem um familiar ou pessoa próxima que percebe não ser mais o mesmo, se aproxime ainda mais e ofereça ajuda. Diga que percebeu que a pessoa está diferente e sugira que procure atendimento. Também se coloque à disposição para ouvi-la e ajudar no que ela precisar”, explica a psicóloga. 


Alerta: “ninguém deve passar sozinho por um sofrimento tão grande”
A psicóloga searaense, especialista em transtornos mentais, Josiane Savoldi Bressan, afirma que dentro do transtorno mental existe um sofrimento imenso. “A gente precisa entender que atentar contra a própria vida, chegar a esse extremo, é exatamente o contrário de todas nossas pulsões de vida. Se você encostar a mão numa chapa quente, inconscientemente já tira para não se queimar. O corpo e a mente funcionam pela sobrevivência, nunca para a extinção da vida”. Ela explica que o corpo e a mente, quando saudáveis, funcionam para manter a vida, quando aparece o sofrimento mental intenso é que essas pulsões de vida começam a perder a força e a pessoa quer terminar com aquele sofrimento, vendo como única opção tirar a própria vida, porque a vida está toda inundada de sofrimento.
Josiane reforça que é importante ter ciência de que o lema de prevenção do suicídio não é que a vida é bela. “E para a pessoa em sofrimento não é. Desta forma, é necessário validar o sofrimento que ela vem sentindo, e ajudar a acabar com esse sentimento, e não com a vida. O sofrimento tem tratamento e a vida pode sim voltar a ter sentido bom”.
A psicóloga chama a atenção as pessoas que estão enfrentando um sofrimento. “Tem tratamento. Ninguém precisa e não deve viver assim. Para você que perdeu alguém, saiba que você não tem culpa. E se sentir necessidade também deve procurar ajuda para lidar com essa perda”.

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