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Atividade em baixa

  • - Bernardo Begnini diz que momento ruim desestimula a sucessão

Produtores enfrentam a maior crise dos últimos anos.

Há vários meses os produtores de leite amargam prejuízos com as quedas constantes nos preços do produto entregue à indústria. Passado o Inverno, a expectativa ainda é de algumas oscilações, mas sem previsão de melhora significativa nos preços.

Conforme o Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite (Conseleite-SC), o preço pago ao produtor em setembro variou entre R$ 2,53 (o maior valor de referência) até o menor, que foi de R$ 1,90 o litro. Foi disparado o preço mais baixo do ano pago ao produtor, que não recebia tão pouco pelo litro do leite desde março de 2022, quando o menor valor foi de R$ 1,79. A diferença é que no ano passado o preço reagiu, passando dos R$ 3,50 ao litro, fato que ainda não ocorreu em 2023.

Para se manter na atividade o produtor está precisando fazer ajustes, reduzir custos e cortar de vez os investimentos. Além disso, levar tudo bem anotado para não sair no prejuízo no fim do mês. O jovem produtor de linha São Roque, Bernardo Begnini, de 22 anos, segue uma rigorosa planilha de gastos e receitas e tem na ponta lápis todos os dados. Ele conta com um plantel de 27 vacas em lactação, das raças holandesa e Jersey. A produção, à base de pastagens, silagem e complemento de ração, chega aos 500 litros diários. “A produção ainda está gerando uma pequena margem líquida, porém com o fim das pastagens de Inverno diminui a produção e os valores pagos aos produtores estão caindo mês a mês, o acaba preocupando”, relata.

Mantendo a média, o produtor ganhou cerca de R$1,90 ao litro de leite entregue no último mês. Já o custo de produção foi quase o mesmo: R$ 1,83. “O Inverno esse ano foi atípico, com uma diminuição do valor pago ao produtor, o que gera essa crise”.

Bernardo também está concluindo o curso superior em Administração. Ele até já trabalhou na cidade, mas resolveu voltar para a propriedade para dar sequência à atividade da família, que também trabalha com lavoura e reflorestamento. O produtor ressalta que o momento ruim na produção de leite desestimula a sucessão rural. “Esperamos que a situação melhore, que os custos diminuam e que os preços se normalizem, pois a crise impacta no futuro da propriedade, no plantel e nos investimentos”.

Na avaliação do vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), Enori Barbieri, os preços em baixa significam que ainda há muita oferta e pouco consumo de leite. “A crise é grande. Muita gente está desistindo da atividade, mas a verdade é que não foi só as importações que causaram tudo isso. O grande problema foi o consumo de leite, que caiu, e os preços internacionais também baixaram. O Brasil tem um custo de produção maior que outros países e ainda precisamos melhorar a nossa produtividade e qualidade. É uma conjuntura de fatos que nos levou a essa crise”.


Situação financeira

Conforme o vice-presidente da Faesc, Enori Barbieri, “o grande problema é o endividamento dos produtores em investimentos. Neste momento as atividades não permitem que você faça investimentos, porque não sobra dinheiro para isso”. Ressaltou ainda que “é uma crise em que houve endividamento baseado em preços que não eram normais no passado. Houve uma ilusão quando faltava produto e agora, que os preços caíram a uma normalidade, os produtores não estão conseguindo mais ter sobra para pagar os investimentos por que os custos seguem altos”.

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