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Nova crise ronda a suinocultura

  • - Produtor Francisco Canossa está insatisfeito com os rumos da atividade

Já são quatro quedas consecutivas no valor do suíno vivo, fazendo com que a atividade mais uma vez seja comprometida, mesmo num momento de baixa nos insumos.

O ano que começou em alta no preço pago pelo quilo do suíno vivo - na casa de R$ 3,40, mais bonificação de carcaça - tem registrado constantes quedas nos últimos meses. O declínio iniciou em 11 de abril quando o valor reduziu para R$ 3,30 o quilo.
Depois disso foram mais três quedas seguidas. No dia 12 de maio, passou para R$ 3,20. E em junho foram duas reduções de 10 centavos cada, a primeira anunciada no dia 14 e a última que começou a valer na segunda-feira, 26, passando o preço do quilo de suíno vivo a R$ 3.
A redução preocupa produtores e lideranças do setor, que acreditam que novas quedas ainda podem acontecer devido à grande oferta de animais no mercado. O presidente da ACCS, Losivanio de Lorenzi, destaca que a instabilidade na suinocultura é grande e constante. "É preocupante a situação. Vejo que as empresas estão cada vez mais ampliando a produção e seus lucros e o produtor sempre paga a conta. Agora que era o momento de o suinocultor ganhar um pouco a mais pelo custo baixo de produção, está perdendo dinheiro e a instabilidade é muito grande. É inadmissível vendermos uma carne de excelência como é a suína a R$ 3 e no caso dos independentes por apenas R$ 2,80".
O presidente enfatiza que atualmente o custo de produção gira em torno de R$ 3,30. "Os custos são altos e isso prejudicam o setor". Acrescenta que o cenário aponta que a dificuldade deve permanecer enquanto não houver uma política de controle de produção.
Produtor de suínos e uma das lideranças do setor em Seara, Francisco Canossa explica que a situação está cada vez pior. Ele atua no ramo há mais de 35 anos e lembra que os últimos foram de crise e prejuízos para os suinocultores. Argumenta que a esperança era que 2017 fosse melhor em função da baixa dos insumos, mas que a tendência é de mais um período difícil. "Desse jeito não vamos ganhar dinheiro nem esse ano". Canossa destaca que a situação começou a preocupar novamente quando foi anunciada a Operação Carne Fraca. "E agora com a queda da exportação de bovinos, começa a cair o preço também e pode afetar a suinocultura".
Para o produtor, o valor para garantir um pouco de ganho da atividade teria que ser superior a R$ 3,20. "Vai começar a sobrar suíno no mercado porque a produção também subiu". Reforça que a preocupação é geral. "Agora os investimentos têm que ser repensados, sem aumento do plantel. No ano passado as empresas nos pediram para ampliar os plantéis e hoje está sobrando suíno. Não tem nenhuma estabilidade".
Segundo o presidente da Cidasc, Enori Barbieri, a situação atual da suinocultura é um problema de mercado interno. "Continuamos com as exportações boas e o mercado externo até pagando melhor que o ano passado, mas o problema de queda é devido ao consumo interno. Está sobrando carne bovina e agora, com a suspensão dos EUA, vai ficar um pouco pior. Além disso, temos excesso de frango no mercado e as pessoas passaram a consumir o que é mais barato. Infelizmente o Brasil ainda tem esses problemas de uma atividade atrapalhando a outra".
Barbieri acredita que outro fator que prejudica os suinocultores é o aumento na produção, já que o mercado interno não tem conseguido absorver o excedente. "Tem muita gente desempregada e isso faz com que haja retração no consumo".
Conforme Barbieri, a tendência é de dificuldade para os suinocultores. "A economia depende não somente de mercado. Está atrelada à política e isso leva a gente a ter muitas dúvidas. A tendência de mercado internacional é boa, mas internamente precisamos ter primeiro um ajuste da economia em segundo planejamento de produção. E isso é importante porque já a partir do ano que vem teremos um crescimento no preço do soja e milho".
Preços
Para garantir ganhos e evitar sobras de matéria-prima no mercado, Enori Barbieri aponta que é necessário os produtores pararem para refletir e planejar o próximo ano, segurando a produção. Nesta semana, o governador Raimundo Colombo informou à Assembleia Legislativa que assinará decreto reduzindo a alíquota de ICMS para suínos vendidos para fora do Estado de 12% para 5%.

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