Levantamentos da Epagri e Secretaria da Agricultura apontam perdas.

As fortes chuvas, associadas a temporais, ventos, granizo e elevados volumes de água em curto espaço de tempo trouxeram transtorno e prejuízos significativos para a agricultura de Seara. O município decretou Situação de Emergência na semana passada.

Um levantamento realizado pela prefeitura, Epagri e Defesa Civil aponta um prejuízo superior a R$ 3,3 milhões em Seara. O secretário municipal da Agricultura, Renato Tumelero, explicou que a chuva deste mês foi extraordinária. “Para termos uma ideia, somente entre os dias 3 e 7 de outubro foram 187 milímetros de chuva, isso representa 114% a mais do que a média mensal do mesmo período, sendo que a precipitação persistiu com volume muito significativos até o dia 17”.

Conforme Renato Tumelero, os reflexos na agropecuária foram diretos e indiretos. “Verificou-se perdas significativas nas culturas do milho e do trigo, por exemplo. Tivemos uma erosão do solo bastante intensa, com o escorrimento dos fertilizantes, além de um período com baixa luminosidade e umidade excessiva do solo, causando problemas na germinação do milho. Há também doenças na cultura do trigo e perdas na qualidade final do produto”.

Já na pecuária o secretário ressalta que a queda de energia elétrica causou alguns problemas consideráveis e o excesso de lama nas áreas de manejo de rebanho provocou problemas sanitários aos animais. “Com tudo isso, estima-se perdas diretas de produção superiores a R$ 3,3 milhões, além de prejuízos indiretos na produção agrícola e na pecuária”.

O tempo de recuperação, não só das atividades agrícolas, mas do ambiente como um todo, é lento, segundo o secretário. “A natureza demora em torno de 400 anos para formar um centímetro de solo e a cada chuva são levados diversos centímetros, então é tempo bastante lento para recuperar os danos causados pelas enxurradas”. O secretário lembra que o produtor deve adotar práticas para evitar a erosão do solo.

Previsão

Para este fim de semana a previsão mais uma vez indica possibilidade de chuvas fortes na região. Conforme o secretário da Agricultura de Seara, Renato Tumelero, “o fenômeno El Nino repete os acontecimentos de outros momentos e tende a se agravar. Chuvas excessivas têm causado prejuízos significativos. Antes clamávamos por chuva e agora e o excesso de precipitação e a baixa luminosidade prejudicam a fotossíntese e o crescimento dos vegetais”.

Perdas consideráveis em todo o Estado

Um levantamento realizado pela Epagri na região aponta que o excesso de chuvas prejudicou as lavouras de milho. Foram aproximadamente de 500 milímetros de chuva este mês. Conforme o engenheiro agrônomo e extensionista da Epagri de Seara, Elvio Izaias da Silva, “realizamos uma série de vistorias em lavouras afetadas, juntamente com a Secretaria da Agricultura de Seara, e estimamos que cerca de 20% do potencial produtivo do milho desta safra foram perdidos”.

No Estado, conforme a Secretaria da Agricultura, a safra de Verão ainda está na etapa inicial de semeadura e as chuvas intensas causaram perdas significativas de solo e nutrientes, afetando o desenvolvimento inicial, a uniformidade e o desempenho das culturas em vários municípios. De acordo com o levantamento realizado pela Epagri no meio rural de Santa Catarina, as maiores perdas na agricultura causadas pelas chuvas de outubro estão nas lavouras temporárias, com destaque para o fumo, o trigo e a cebola, seguidas pelas lavouras permanentes e as benfeitorias.

Dos mais de 160 municípios catarinenses que decretaram Situação de Emergência, já foram registradas perdas em cerca de 47 mil propriedades. O presidente da Epagri, Dirceu Leite, destaca que o levantamento ainda não terminou, pois as chuvas continuam em algumas regiões e a previsão indica essa tendência até o fim do ano.