Folhasete traz infomações importantes sobre a eficácia dos imunobiológicos.

Vacina e vacinação. Esta dupla tem sido assunto recorrente e insistente nos meios de comunicação.

Há doses de imunizantes para crianças, jovens, adultos, idosos, grupos específicos, para aplicação através de um calendário vacinal desde os primeiros anos de vida. Mas será que vacinas são mesmo eficazes contra as doenças?

O Folhasete ouviu nesta semana uma especialista no assunto. A médica infectologista do Hospital São Francisco de Concórdia, Clarissa Guedes, traz com propriedade respostas para as principais questões sobre esses produtos biológicos que estimulam a defesa do corpo contra microrganismos (vírus e bactérias) que provocam doenças.

As vacinas, de acordo com Clarissa Guedes, são consideradas por especialistas como uma das maiores descobertas da ciência. “Graças a elas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de três milhões de vidas são poupadas por ano”.

Com relação ao calendário vacinal do Brasil, Clarissa esclarece que a política de vacinação é responsabilidade do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde. Estabelecido em 1973, o PNI desempenha um papel fundamental na promoção da saúde da população brasileira. Por meio do programa, o Governo Federal disponibiliza gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) 48 imunobiológicos. São 31 vacinas, 13 soros e 4 imunoglobulinas. “Essas vacinas incluem tanto as que estão presentes no Calendário Nacional de Vacinação quanto as indicadas para grupos em condições clínicas especiais, como pessoas com HIV ou indivíduos em tratamento de algumas doenças (câncer, insuficiência renal, entre outras), aplicadas nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), e inclui as vacinas contra a Covid-19 e outras administradas em situações específicas”.

O calendário contempla, na rotina dos serviços, 20 vacinas que protegem o indivíduo em todos ciclos de vida, desde o nascimento. “Entre as doenças imunopreveníveis por essas vacinas estão a poliomielite, sarampo, rubéola, tétano, coqueluche e outras patologias graves e muitas vezes fatais”, reforça a médica.

A queda na procura pela aplicação das doses preocupa bastante. “A redução da cobertura vacinal é problemática para a saúde coletiva, causando avanço de doenças já equacionadas e o ressurgimento de outras erradicadas, provocando danos ou morte, especialmente em crianças”.

O Brasil é considerado modelo quando o assunto é proteção à saúde por vacinação. Estrangeiros que chegam ao país geralmente não têm o mesmo esquema de imunização que os brasileiros. “Com o deslocamento diário de pessoas entre os países, é fundamental implementar estratégias diferenciadas, com a finalidade de alcançar as coberturas vacinais adequadas e melhorar o acesso da população aos serviços de vacinação, sem distinção da nacionalidade e, assim, possibilitar a manutenção do controle das doenças preveníveis por vacinação”, destaca a especialista.

Eficiência das campanhas

A médica infectologista Clarissa Guedes salienta ainda que a Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que a vacinação em massa evita até três milhões de mortes anualmente e poderia salvar mais 1,5 milhão de vidas se sua aplicação fosse ampliada. “A vacinação é o método mais eficaz de prevenção de doenças infecciosas. Além de proteger as pessoas vacinadas, ajuda a criar uma barreira entre as pessoas imunizadas que não deixa a doença se aproximar de indivíduos vulneráveis, que estão com a imunidade baixa ou crianças que ainda não têm idade para serem vacinadas”. Acrescenta que o Ministério da Saúde estabelece metas de vacinação, calculadas pela transmissibilidade da doença e a eficiência da vacina. “Quando estas metas são atingidas, podemos dizer que a população está protegida contra enfermidades infecto contagiosas que poderiam ser fatais”, finaliza a médica.