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Preocupação com doença silenciosa

Um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) revela que mais de 15 milhões de brasileiros adultos sofrem de diabetes.

A doença mata por ano no país 72 mil pessoas com mais de 30 anos e representa 6% de todos os óbitos no Brasil. O Dia Mundial do Diabetes é lembrado no dia 14 de novembro.
Conhecida como "doença silenciosa", a diabetes mellitus é caracterizada pela elevação da glicose no sangue. Pode ocorrer devido a defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas, pelas chamadas células beta.Diversas condições podem levar à hiperglicemia, porém a maioria dos casos está dividida em dois grupos: diabetes tipos 1 e 2. A primeira é resultado da destruição das células beta pancreáticas por um processo imunológico. Em geral, costuma cometer crianças e adultos jovens, mas pode ser desencadeada emqualquer faixa etária. Já a segunda forma da doença está incluída na maior parte dos casos, cerca de 90% dos diabéticos, e é mais grave, atingindo principalmente adultos a partir dos 50 anos e tem relação com a hereditariedade.
O sargento da reserva da Polícia Militar de Seara, Moisés Ruhmke, se descobriu diabético há 10 anos. Então com 44 anos, foi consultar por um problema no nervo ciático, mas resolveu fazer um checkup. "Naquela época eu desconhecia esta dita doença. No laboratório, o bioquímico me disse para correr ao meu médico que minha glicose estava louca", brincou.
Daquele momento em diante, Ruhmke conta que começou a fazer uso de medicamentos para controlar a doença. "Via oral não surtiu o efeito esperado, então foi preciso fazer o tratamento injetável". Portador da Tipo 2, ressalta que o problema tem origem hereditária. "E você só desenvolve a partir dos 40 anos".
Atualmente, Moisés Ruhmke leva uma vida normal, com aplicações de insulina, controlando a alimentação, tendo acompanhamento de endocrinologista e praticando atividades físicas. "Eu não posso comer coisas doces, somente alguns produtos com habilitação diet, e preciso fazer uma alimentação balanceada, e praticar exercícios físicos".
Busca por equilíbrio
O sargento Moisés Ruhmke acrescenta que "minha glicose é bastante descompensada. Se eu comer algo a mais, ela pode chegar num pico de 400. Se eu me medicar e comer algo bem leve, pode cair para 44, mas tanto uma quanto a outra são perigosas. Os riscos são para hipoglicemia e também para a hiperglicemia. Não pode. Tem que haver equilíbrio. Por isso, a alimentação é bastante regrada e a medicação é fundamental. Tenho que estar consciente de que sou diabético. Não tem cura, mas cuidando, levo uma vida normal".

Médico fala sobre importância da prevenção
A atenção à saúde desde os primeiros anos de vida é a melhor decisão para evitar problemas futuros. No caso do diabetes, o médico  searaense Elisandro Modesti explica que "por ser uma doença de evolução crônica, que não tem cura, dividimos ele em dois tipos. O 1, que afeta crianças e adolescentes, o mais grave, e o tipo 2, que atinge as pessoas acima de 30 anos, principalmente após os 40 anos, e tem caráter genético, herança familiar". Ele esclarece também que a incidência tem a ver "com todo erro que cometemos durante a vida na alimentação, com ingestão de gordura, excesso de carboidratos, muita carne, muito doce, pouca atividade física e vida sedentária que vai gerando aumento de peso. O desenvolvimento de barriga, abdômen muito volumoso é tendência natural de ter diabetes com o passar dos anos". Salienta que "a doença não tem cura, mas tem acompanhamentos e tratamento, que deve ser aliado a cuidados nutricionais e atividades físicas".
O médico ressalta que hoje existem medicamentos bem avançados que dão resultado bastante satisfatório.
Modesti pontua que, para quem não tem o problema, é importante realizar o teste uma vez por ano e se cuidar sempre.
Já aos pacientes diagnosticados têm que fazer o controle e, dependendo da gravidade, o exame deve ser diário, semanal ou mensal. "O mais importante é manter a doença controlada, pois ela afeta órgãos como visão, rins, circulação e nervos e isso tem comprometido muito a saúde da população", concluiu.

Doença silenciosa atinge 15 milhões de pessoas no país
Na rede de saúde pública de Seara, há trabalhos específicos com pacientes de diabetes, bem como de outras patologias. O atendimento acontece em todos os postos.
De acordo com a enfermeira responsável pelo ESF 3, Marizete Cerutti, atualmente no grupo Hiperdia, para doentes hipertensos e diabéticos, há cerca de 40 pessoas. "Poderia ter mais. A questão é que os próprios doentes não participam". As reuniões ocorrem a cada 60 dias nos ESFs 03, 04 e 05, dos bairros Niterói e Nações, centro, parte do bairro Industrial e interior.
A enfermeira explica que nos encontros são tratados diversos assuntos, com uma equipe multiprofissional, que inclui médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, enfermeiros, entre outros profissionais do setor. "E todos os assuntos tratados são direcionados a esse público-alvo. Além das palestras de orientações e esclarecimentos, é aferida a pressão, feito o HGT, e demais ações para acompanhar a situação dos integrantes".
Conforme Marizete Cerutti, os doentes fazem o acompanhamento com o teste de HGT para controle. São fornecidos gratuitamente para os tratamentos cinco tipos de comprimidos, insulina regular e a NPH, bem como agulhas e seringas".
A alimentação para diabéticos é muito importante. Nada pode faltar e nem ir além do limite. conforme a nutricionista do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), da Secretaria da Saúde de Seara, Nivia Schneider Krause, há três questões centrais para prevenir e tratar o diabetes. "Cuidados com os doces, mesmo sendo os naturais, que são consumidos através das frutas, por exemplo. O paciente pode comer todos os tipos de frutas, mas não podem ser várias de uma só vez. Pode consumir até cinco unidades por dia, mas não na mesma hora. Pode também ingerir uma salada de frutas, numa das vezes, mas a porção é o detalhe a ser controlado, sendo no máximo um potinho de sobremesa".
Além dos doces, outro cuidado fundamental, destaca a nutricionista, é com a mistura dos carboidratos. "Neste caso, por exemplo, na hora do almoço não pode comer vários tipos de alimentos juntos, como arroz, massa, batatinha, mandioca, pão e polenta. Tudo o que é feito de farinha ou vira farinha, não pode misturar, pois todos vão aumentar a glicose".
A nutricionista salienta que se trata da mesma situação das frutas. "Pode comer todos os alimentos, mas não na mesma refeição e é necessário dosar a porção, mais ou menos o equivalente a quatro colheres de sopa. É uma média de cada um dos tipos de carboidratos".
A terceira regra deste controle, segundo Nivia, é relacionada ao horário das refeições. "É sempre melhor comer menos quantidade e mais vezes ao dia. Isso serve para que o organismo trabalhe de uma forma melhor, regulando a glicose". Acrescenta que "se a pessoa fica muitas horas sem comer, primeiramente dará muita fome e quando for comer vai acabar exagerando, pois é inconsciente. Então, receberá uma maior que aumentará a glicose de uma só vez".
Refeições pausadas
Nivia Krause enfatiza que "o comer menos não significa passar fome. E sim, menos quantidade e mais vezes ao dia para o organismo digerir. Assim, o corpo dará conta de usar aquilo, depois repõe novamente, e não tem perigo de estocar. Vai ingerir somente o necessário para o corpo". A questão peso influencia bastante no desenvolvimento da doença. "Para isso, além da alimentação, é necessário realizar atividades físicas", finaliza a nutricionista.

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