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Cenário de incertezas em todos os setores

  • - João Martins Pinheiro chama atenção para o endividamento das famílias brasileiras

Especialista comenta os fatores que podem afetar o desempenho do país


O país entra no segundo mês de 2023 com um cenário de incertezas na economia. Passados 42 dias do início de novos mandatos de governadores e presidente, a expectativa para o desempenho econômico ainda é instável.
Este é o entendimento do economista e professor no curso de Ciências Contábeis na FACC Faculdade Concórdia, João Martins Pinheiro. Em entrevista ao Folhasete, o especialista afirmou que 2023 será um ano atípico. “Novos governantes, saindo de uma pandemia, de um ano eleitoral e de uma polarização política. Diante deste quadro a economia brasileira, muito instável em razão da dependência do mercado externo, tende a se comportar com variações e oscilações que farão com que tenhamos desempenho abaixo do esperado”.

Há indícios, porém, de que possa haver estabilidade. “Como traço favorável, após o primeiro semestre, com investimentos governamentais, o mercado pode se estabilizar, ocorrendo com isso investimentos externos e o mercado interno ficando aquecido, com estabilidade do dólar e do mercado financeiro”. Em contrapartida, “após o primeiro semestre, os investidores terão a exata noção do que o mercado interno e externo espera para novos investimentos. Poderá haver fuga de capital, retração do mercado investidor e o novo governo não tem uma maioria para apoiar suas ações. Haverá muitas negociações e isso pode ser desfavorável”, comenta o professor.

Na esfera pública, um dos maiores entraves é o tamanho da máquina. De acordo com Pinheiro, “o custo de manutenção é alto, com muitos privilégios, vontades polarizadas politicamente e sem pensamento de nação. Os pensamentos são voltados para grupos”. As mudanças de governo também geram impactos na economia. Outro ponto que pode ser observado, segundo o economista, são as diferenças em razão do tamanho do Brasil. “São objetivos e necessidades diferentes para cada região, tendo os governos a proposição de unidade de aplicação de recursos, o que se torna inviável. As necessidades do Norte nem sempre serão iguais às necessidades do Sul”.

O agronegócio, por exemplo, está sujeito a outros fatores. “Além do mercado, tem que se atentar que existe a dependência do clima, que não se controla. É um mercado muito arrojado, com investimentos pesados e dependência total do mercado externo, custos elevados e sem possibilidade de controle pelos produtores. Exigências maiores, custos maiores e rentabilidade abaixo do previsto. O custo do agro é desproporcional aos investimentos. Há que se pensar em um programa para apoio ao setor, que é vital para qualquer economia”, pontua João Martins Pinheiro.

Conforme o economista, a indústria e o varejo estão intimamente ligados e em crescimento em função também da elevação do consumo. Em termos de recuperação do emprego e renda dos brasileiros, “um grande entrave são os custos, que estão cada vez maiores, sufocando a produção. Como temos muita competitividade, temos que ter um custo menor (trabalhista, fiscal, de transporte) para que sejam gerados novos postos de trabalho”. Pinheiro pontua que um dos grandes problemas é o endividamento das famílias brasileiras. “Em razão disto, pode-se afirmar que em virtude das inúmeras ofertas de crédito fácil, as famílias estão se endividando sem levar em conta o custo deste endividamento. Muitas ofertas, facilidades de crediário, cartões de crédito com limite acima da capacidade de pagamento, ofertas de produtos, novos produtos, consumidores cada vez mais jovens e sem estrutura financeira adequada”.


Avaliação

O economista e professor aniversário João Martins Pinheiro considera que 2022 foi um ano atípico. “Final de pandemia, ano eleitoral, guerra, instabilidade no comércio internacional, previsões de retração, falta de empatia e excesso de informação. Não podemos usar este ano como referência para comparação com outros anos”. Acrescenta que “é imprescindível que cada um faça sua parte. Os custos dos poderes legalmente constituídos precisam, urgentemente, serem revisados. É urgente uma reforma política e na sequência uma reforma tributária, para que então possamos projetar/planejar ações de crescimento efetivo”.

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