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De volta ao palco da tragédia

Era uma segunda-feira, 20 de abril de 2015, por volta das 15h30, quando os sonhos e realizações de centenas de famílias foram pelos ares em parte do município de Xanxerê.

O tornado que atingiu a cidade com ventos de cerca de 300 quilômetros por hora foi classificado como F2 e afetou sete bairros, sendo três mais castigados - Dos Esportes, Primo Tacca e Bortolon. Muitos feridos, desabrigados e quatro mortes registradas. 
A reportagem do FolhaSete retornou ao palco da tragédia nesta semana. As marcas da destruição ainda ficam registradas em poucas construções abandonadas, entulho a ser removido, mas especialmente na memória da população. Conforme o prefeito Ademir Gasparini, "hoje podemos dizer que cerca de 95% dos locais atingidos estão reconstruídos". 
O prefeito ressaltou também que "está sendo concluída agora a instalação da iluminação pública, que foi afetada, e vamos vencendo etapas. A burocracia trava muita coisa e o que queríamos fazer com certa agilidade não foi possível, mas destacamos a participação do Ministério Público, que nos auxiliou, orientando para que pudéssemos fazer tudo dentro da lei" 
Quanto ao Ginásio Ivo Sguissardi, totalmente destruído, os recursos do governo federal foram liberados num montante de R$ 3 milhões. "A obra já está licitada e nas próximas semanas já poderemos dar início aos trabalhos". Além de danos materiais, Gasperini mencionou que "ficaram muitas marcas, especialmente nas famílias atingidas, mas houve superação e uma solidariedade gigante da população, com auxílio do voluntariado de toda a região e até do país". 
Ainda segundo o prefeito, "o evento de certa forma serviu para unir ainda mais o nosso povo e, com auxílio do poder público, tanto municipal quanto estadual e federal, permitiu que tivéssemos uma reconstrução de certa forma até rápida. Foi uma soma de ações. Um evento triste, mas podemos observar o dinamismo e a superação do povo. Em resumo, foi superação, solidariedade e trabalho contínuo".
Números
Dados finais da Defesa Civil sobre o tornado que atingiu Xanxerê apontaram 539 desabrigados e 4.275 desalojados. Foram quatro mortes e 97 feridos. Nove prédios públicos foram atingidos, além de 38 empresas e 2.188 residências, sendo que 235 casas foram totalmente destruídas, 360 tiveram danos parciais e 1.583 destelhamentos foram registrados. O tornado também atingiu as cidades de Ponte Serrada e Passos Maia.
Evolução solidária a partir da tragédia climática
Para o coordenador regional da Defesa Civil de Xanxerê, Luciano Peri, "a gente vê que hoje o município está reerguido isso se deve ao apoio de todos. A população volta a ter seu sorriso e se levarmos em conta os danos causados pelo evento, a reconstrução foi num curto espaço de tempo, o que mostra que Santa Catarina é um exemplo para o país". Nos primeiros momentos após o tornado, bombeiros, Defesa Civil e o Exército tiveram papel fundamental no auxílio às vítimas. "Realizamos o fornecimento de 72 casas, sendo que 39 famílias aceitaram a construção das moradias modulares. Além disso, fornecimento de milhares de telhas, lonas e kits de alimentação".
Quanto ao Radar Meteorológico de Chapecó, Peri informou que "está em fase de licitação, já temos o terreno definido e a expectativa é que as obras iniciem no final de julho ou início de agosto e será fundamental na informação". Conclui que "em toda tragédia sempre surgem aprendizados e lições. Temos que estar sempre preparados. Foi uma ocorrência que exigiu muito e só com ajuda conseguimos superá-la. Precisamos entender que em 2009 foi em Guaraciaba e em 2015 em Xanxerê e pode acontecer em qualquer município". 
Exemplos de vitória em meio ao desastre não faltam. Considerado herói por ter salvo dezenas de crianças em meio aos escombros do ginásio destruído, o professor de Educação Física Valdir Marical destaca que "perdemos muito com o tornado, mas aprendemos muito. Tivemos ajuda de entidades, mas faltou apoio das autoridades, porém com muito trabalho continuamos com o objetivo de formar alunos para o esporte e para a vida".
 

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