Produtor Jorge Deitos, no entanto, está otimista com uma recuperação da atividade nos próximos meses.

A produção catarinense de mel não deverá render da forma esperada neste ano em termos de quantidade e qualidade do produto. A expectativa é um tanto pessimista, mas justificável, já que as condições climáticas exercem grande influência sobre esta atividade.
O engenheiro agrônomo da Epagri de Seara, Elvio Izaias da Silva, afirma que “este, sem dúvida, tem sido um dos piores anos para a apicultura de Santa Catarina”. Explica que “as colmeias têm uma dinâmica muito própria em relação ao clima. Se tem bastante florada, elas têm uma tendência de aumentar o tamanho da colmeia”. Do contrário, ocorre o enfraquecimento, prejudicando o processo natural de produção.
Elvio relata que “no final de junho e julho tivemos um veranico de quase 30 dias de calor. Havia algumas flores neste período, tanto de plantas cultivadas de Inverno quanto de plantas nativas. Isso fez com que as colmeias expandissem um pouco, mas não ocorreu o armazenamento suficiente de alimento. Logo em seguida, por vários dias tivemos bastante chuva e frio, impedindo as abelhas de trabalharem na coleta de néctar e de pólen. Então, acabaram consumindo praticamente tudo o que tinham de reservas”.
Para complicar, não houve nova florada. A primeira floração está acontecendo agora com a uva do japão. Por isso, a alternativa seria alimentar as colmeias. “Mas nem todos os apicultores fizeram isso, ou fizeram de maneira insuficiente. E esse alimento é artificial. Não é o mesmo alimento que a abelha busca e seleciona para consumir. Então, houve bastante mortalidade de colmeias”. A estimativa é de pelo menos 20% de perda.
A florada que está abrindo, segundo o engenheiro agrônomo, seria a grande produtora de mel. “Porém, agora que teríamos a safra, as abelhas vão usar basicamente estas floradas, que devem durar cerca de 25 dias, para recomeçar a estruturar suas colmeias”.
Em Seara, produzem mel comercialmente em torno de 10 produtores. Elvio faz uma recomendação do manejo nesse momento em que as colmeias estão enfraquecidas. “Que se faça a união das colmeias, juntando duas ou três que estejam debilitadas, selecionando a Abelha-Rainha mais forte, juntando os quadros com as crias e as operárias para obter um enxame forte e produtivo. Essa seria uma tentativa de fortalecer algumas criações para que as abelhas consigam colher bastante insumo durante a floração”.
As interferências negativas na produção apícola também vão respingar no preço do mel. A exemplo do que correu nas duas últimas safras, o valor deverá aumentar consideravelmente.

Produtor

O apicultor de linha Bonita, interior de Seara, Jorge Deitos, tem 220 colmeias de abelhas que produzem em torno de cinco toneladas de mel ao ano. Ele concorda que a produção sofreu prejuízos com a interferência do clima. O produtor perdeu cerca de 30 colmeias, mas acredita que de agora em diante haja uma recuperação da safra.