Seara tem dessas coisas. Faz com que os que passam por aqui, permanecendo pouco ou muito tempo, sintam-se eternamente parte de sua história.

Este cantinho do Oeste tem algo mais.
Seu Waldemar Elizio chegou a Seara transferido de Brusque para atuar como Coletor Estadual em 1955. Aqui ficou por apenas quatro anos, o suficiente para se encantar pela cidade. Fez parte da trajetória deste lugar e ajudou o município, recém-emancipado, a tomar decisões importantes.
Vereador eleito na segunda legislatura, hoje aos 90 anos e com uma memória de causar espanto, conta coisas em detalhes que poucos conseguiriam. "Eu amo Seara tanto quanto minha terra natal", afirmou. Em 1959, quando eleito vereador, lembra que naquela eleição 3004 eleitores foram às urnas. Também recorda o número de votos que recebeu e quem foram seus colegas no Legislativo e a somatória de cada um.
Destaca cada cantinho do pequeno vilarejo, onde morava com a família. Coisas que somente quem realmente integrou de corpo e alma um lugar, uma história, consegue relembrar. Recorda que a região era perigosa e as pessoas costumavam andar armadas. Justifica que "com a vinda da Colonizadora Luce & Rosa, muitos intrusos, até bandidos foragidos do Rio Grande do Sul, vieram para a região". Os habitantes se protegiam, mas também gostavam de se impor com um revólver na cintura.
Para esta terra, escreveu uma canção, um livro de suas doces memórias e por onde quer que vá Seara é citada e rememorada com ternura. Em 1959 foi transferido para Timbó, onde permanece até hoje. Nesta semana ele conversou com o Folhasete. Quando deixou Seara, seu lugar na Câmara foi assumido pelo primeiro suplente Valentin Petry.
Viúvo, pai de quatro filhos, homem culto e simpático, fez questão de deixar uma mensagem aos searaenses. "Peço a Deus que os amigos que já partiram tenham o descanso eterno. Aos descendentes, o meu abraço cordial e que Nosso Senhor os proteja sempre, dando-lhes paz no coração, felicidade da vida e tudo de bom".